sexta-feira, 29 de janeiro de 2010


Sua intrigante pergunta

Ah! Se eu pudesse
voltar ao passado...
Me sentaria ao lado Dele
Riscaria o chão com os dedos
Nem levantaria a cabeça
Quando os fariseus viessem
Com suas mãos cheinhas
de pedras...
Ficaria ao Seu lado
Ouvindo Dele
Aprendendo com Ele
Refletindo sobre a
intrigante pergunta
que faz com que as
pedras sejam
deixadas ao chão...

Ah!Mas Ele está aqui
bem dentro de mim
e eu reflito sobre
Sua intrigante pergunta
aceito Seu perdão
e prossigo...

29/01/10-10:00
Marisa Costa

terça-feira, 26 de janeiro de 2010



Búzios

Me encontrei em estado de graça
E entrei numa correnteza
Que me levou a um rio
O Rio de muitos janeiros
Uma cidade maravilhosa
Estado de rara beleza
Com cantos,recantos e encantos
E como encanto
Cheguei num recanto
Chamado Búzios
Ah!Búzios...
Nem a harmonia do canto
É capaz de descrevê-la
Tem que ver pra crer
Mergulhar em suas praias
Comer o fruto do mar
Ver o sol nascer sem medo
E se pôr pra descansar...
Lá tem uma rua de pedras
Onde a simplicidade e o charme
Andam de braços dados
"Ah!Se essa rua fosse minha..."
Não mandava,não mandava ladrilhar
Deixava do jeito que está
Só pra ver você passar...

Fevereiro /2008
Marisa Costa
(Escrevi este poema pra minha grande amiga Ivanir,a Nika...)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010



Momentos...

“...hoje não estou
nem pras borboletas
nem pros pardais
muito menos pro presidente
ora bolas!
mas quem é o presidente?

Tenho vontade de estar
num lugar bem distante
e nada levar
nem roupa de troca
sair com as mãos bem soltas
sentindo vento no rosto

Se encontrasse uma fenda na rocha
me aninharia como águia
agora eu estou fazendo um bolo de fubá
mas queria mesmo encontrá-lo pronto
com um café bem quente
porém, num lugar distante daqui
talvez longe de mim...”

***

“...tem um cantinho em mim
que se esconde do sol
há dias que ele se esconde de mim
mas há dias que ele insiste comigo...

Gosto muito da noite de lua cheia
a lua transborda tanta luz
que vai dividindo comigo
seu clarão madrugada a fora...

Tem uma parte em mim
que se encanta com o mar
as ondas vem
e molham meus pés
elas vão
e levam minhas dores...”

***




"...quando eu era menina, gostava de ver as preás-da-índia se enfurnando nos túneis que elas mesmas faziam num monte de areola.Elas eram tão rápidas,toda vez que eu chegava mais perto para vê-las,elas corriam,se escondiam em suas ruelas secretas...as preás são assim..."

***

"Sempre gostei de pisar em folhas secas,elas fazem um barulho gostoso,estalam embaixo dos meus pés,mas precisam estar bem sequinhas,não pode ser pela manhã,pois estão molhadas do sereno.Gosto tanto, que às vezes mudo de uma calçada pra outra quando vejo uma,se eu não pisar fico frustrada...manias,quem não tem uma só se quer?"

***

"Sonhei tanta coisa pra mim,quando digo pra mim, digo pra quem está perto também...o tempo passa rápido,mas muito rápido..."

***

"...sinto saudades de minha mãe,de sua comida,sua voz,de vê-la plantar e colher com alegria,e dar com prazer aquilo que plantou e colheu..."

***

"..algo estranho se passa em mim,sinto saudade de Deus,não sei explicar,talvez seja porque Ele é o único que me entende de verdade..."


Marisa Costa

domingo, 17 de janeiro de 2010


Batom lilás

Com batom lilás,rosto pálido
Deixei a capa sobre a mesa
e tudo que pensava ser
e sai comigo...
As flores no canto da rua
esperaram de mim um olhar
Mas meus olhos se negaram
a olhar se quer uma flor...
Fui ao encontro do mar
contemplei sua serenidade
e a suavidade das ondas...
Caminhei mais um pouco e vi
luzes ,pessoas e pedras
Ouvi vozes,murmurios,lamentos
Caminhei sobre as pedras
Esbarrei em pessoas
E voltei...
Retornei ao silêncio
Sem palavras e gestos
Sem expressão de louvor
Te contei meus segredos
meus erros
Eu chorei...
Num instante percebi que
como as flores tu também
aguardavas por mim...

Julho-2007
Marisa Costa

Nunca esqueça minh'alma

O tempo passa e deixa marcas
Marcas boas e ruins
Ficam lembranças que doem
Ficam as que fazem rir
Esqueça minh'alma as dores passadas
Lembre minh'alma os dias de riso
As horas gostosas
Os abraços apertados
A mesa posta, o partir do pão
Lembre minh'alma das sementes lançadas ao chão
Esqueça as que não germinaram
Colha as flores e frutos das que produziram
Mas não escondas as mãos quando estiver em dias de vento
Semeie...
Ouça a voz e veja o toque de Deus em coisas bem simples
Abra os teus olhos
Aguce a audição do espírito
Ouça e analise antes de dar teu parecer
Faça amigos e deixe no tempo marcas que edifiquem
Abra porta e janela permita sempre o sol entrar
Deixe as borboletas dar o ar da graça na casa
Ria com os pardais que entram e querem sair
a todo custo bicando os vidros das janelas
Simplesmente ria e permita que saiam...
Num ato de generosidade colhas flores frescas
E dê pro teu vizinho, alegre a vida de alguém
Abra exceções...
Distribua sem nenhuma restrição abraços ,beijos,afagos
Apertos de mãos, sorrisos
Não deixe que notícias ruins te abalem
Elas sempre virão,infelizmente virão...
Creia em Deus, Ele é que te alenta e sustenta!
Ah! deixe sua marca no tempo
Use as cores, pinte a vida, os momentos sombrios
Não deixe que sombras da solidão envolvam os espaços
Não se acanhe, fale, cante, escreva, tente, tente, tente...

Cabo Frio,Hospital Santa Helena,após uma trombose-03/01/2009
Marisa Costa

Na minha

Hoje eu não quero nada além
Que ficar só
Na minha,num canto...
Não precisa olhar pra mim
Não precisa dizer que sou linda
E nem me chamar de meu bem

Hoje quero me enrolar na cama
Ficar quente e sozinha
Ficar até sem pensar
E dormir sem lembranças
Só dormir...na minha...

Não precisa enfeitar o pavão
Nem dançar,nem cantar
Guarde o samba
Guarde a festa
Guarde o som
Não derrame vinagre...

Quero a inércia do tempo
A calma nos sentidos
Quero que a luz se apague
Que a porta se feche
Que o silêncio se achegue
Que o mar se acalme
O vento se abrande
Porque quero ficar só
Só dormir..na minha...

E saber que deitei e dormi
Sem lembrar do passado
E acordar novamente
Porque Deus me acalentou
De mim cuidou
E me entendeu
E me amou...



Agosto-2007
Marisa Costa

Rabisco

De vez em quando
eu arrisco e rabisco
num papel qualquer
coisas do Teu coração
enviadas ao meu
coisas do meu coração
enviadas ao Teu...
Rabisco , embolo
e jogo num canto
esqueço a oração que fiz

Com um risco e outro risco
eu faço um rabisco
e arrisco em contar
o que passa em mim
o passa por mim...
De vez em quando
eu me pego assim
de vez em quando
eu rabisco assim.

Marisa Costa - 2009

Clima de serra

Apesar do mar estar
ao meu lado
O clima é de serra
tá frio e o vento
ziguizagueia entre as flores
tem música boa ao fundo
vou trazendo a memória
o que pode me dar esperança...

Se meu rosto me diz que o tempo passou
o tempo me diz que tá quase na hora
e em poucas horas outro dia vai chegar...
que eu nunca acostume com as manhãs
que seja novidade cada romper do sol

Que seja um prazer passar um café
sorver cada gole ao lado dos meus
que à roda da mesa estejam os amigos também
e que o pão se reparta com os que não têm

Que as boas novas sejam
como o pão que sai do forno
que a novidade não envelheça em mim
que eu me surpreenda com a Tua Graça
e que minha boca se abra
em espanto e sorriso
por saber que ela me basta...

Que eu me recuse
a ter a mesmice como companheira
que detalhes me chamem atenção
do broto que nasce
das folhas que caem
ao aperto de mãos

O clima é de serra
tá frio lá fora
e o vento está
ziguezagueando
e meu rosto me diz que o tempo passou
o tempo me diz que tá quase na hora...
e em poucas horas outro dia vai chegar

O meu rosto me conta histórias...

Agosto 2008
Marisa Costa


Despretensiosamente


Entra, senta aqui!
Vamos tomar um café,
colocar o papo em dia,
falar das idas e vindas,
falar da vida,
(e quem é a bola da vez...)
Não jogar conversa fora,
entrar pela noite
falando de nossas alegrias
e nossas decepções,
afinal, somos amigos,
companheiros de uma caminhada,
não andamos por vista,
andamos por fé!
Vamos tomar um café,
e matar essa saudade
que supera nossas diferenças,
despretensiosamente...
 .

Marisa 28/07/07

Máquina de costura

Ao redor da máquina de costura
havia de tudo um pouco
fitas novas,fitas velhas
...se falava de novelas...
tesouras, agulhas,alfinetes
fita métrica ,botões e colchetes

Haviam moldes de vestidos
tubinhos de chita floridos
tecidos amarelados
...sonhos não realizados...
bordados inacabados
fuxicos, retalho emendado
carretéis e fios embolados

Ao redor da máquina de costura
havia tanto comentário tecido
...tantas mulheres...
Tantas conversas ao pé do ouvido
disse me disse e alfinetadas
costuras retas e alinhavadas...

Marisa Costa

Cheiro de Vida

O cheiro que aguça os sentidos
fazendo notar o que está ao redor
as minúcias, os detalhes, as pessoas com necessidades
e sentimentos em comum, gente comum...

Cheiro que trás à tona sentimentos e gestos
esquecidos no tempo, o toque das mãos, o abraço,
o respeito, a simplicidade, o olhar com simpatia...

Este cheiro, assim como o cheiro do bom tempero,
desperta a fome, ele desperta o desejo de viver
a sublimidade do Amor, a delicadeza no trato...

Cheiro que nos comove e nos convence a trilhar
pelo caminho que muitas vezes desviamos,
fugimos dEle... Mas que é o Caminho da Vida

O cheiro que nos faz reagir, sair do estado de morbidez
e mergulhar no mundo vivo, real, onde nada perece
onde tudo exala o bom e agradável Cheiro de Vida!

Dezembro-2008
Marisa Costa

Primavera

Entre sons, cores e tons ela surge
Desenhada, colorida e viva
Trazendo alegria e encanto
Dando os contornos
Enfeitando a vida

Há Margarida branca
Margarida amarela
Hortência tem cores diversas
E a Rosa é tão singela

Em cada botão há esperança
Em cada cor há alegria
Em diferentes tons há harmonia
Cores e sons se misturam

A vida e a arte se fazem notar
Quadros pintados por Deus
Harmonia do canto de Deus
Em dias de primavera

O imagino com a tinta nas mãos
Com as cores que Ele mesmo criou
Detalhando as formas
Dando graça à vida

Chamando os Bem-te-vis
E Colibris pra entoar
Canções diferentes
Em diferentes dias de Primavera.

Setembro-2009
Marisa Costa
Caixinha de sapato

Eu tenho uma caixinha de sapato
Encapada com papel verde
É papel de presente
Tenho coisinhas guardadas
Tenho lembranças dos sorrisos
Dos pezinhos,das mãozinhas
Dos gritinhos e chorinhos
Dos dentinhos que cairam...
Ela tem cheiro do tempo
Tem cheiro de guardado...

Eu busco o cheirinho que tinha
O tempo não volta atrás
O tempo não dá meia-volta volver!
Só os soldados voltam....
Nela tem sapatinhos de lã
Camisinhas de pagão
Camisetinhas, shortinhos
Tem babador ,tem até
algumas fraldas
daquelas que nem se usa mais...
Minha caixinha tem
mais de vinte anos
Toda vez que abro
Choro...
Ah!Minha caixinha verde

Marisa Costa Mãe.

***

Meus amores -Acróstico

Me sinto tão privilegiada
Assim como a
Terra quando
Há chuva,ela
Encharca-se de
Um dos bens que a
Satisfaz,a água...

Em pouco tempo o

Pão sobre a mesa está
Eis o fruto da terra!
Deus em sua generosidade
Resolveu dar a chuva e
O sol e o cio da terra se dá...

Meu Deus me deu dois filhos
Eis os frutos de meu ventre!
Usou de benignidade
Sou feliz!Sou mãe!

Amores de minha vida
Minha herança
Olho,contemplo,amo...
Relembro as noites em claro
Eles ainda meninos
Sinto saudades...

Marisa Costa Mãe.

sábado, 16 de janeiro de 2010


As palavras não passam

Passam os dias e as manhãs
Passam tardes e os temporais
Passam noites e o luar
Passa o vento balançando o mar
Passam nuvens no céu azul
Passa o tempo de norte a sul
Ficam marcas no meu rosto...
Mas as palavras do meu Senhor
não passam...
Tal como espada penetrante
Vem rasgando o tempo
Fazendo o que lhe apraz
Vem regendo o tempo
Permitindo as estações
E é Primavera...

Búzios-2006
Marisa Costa

Confissão

Não,não são minhas fraquezas
que me afastam do Pai
O cair é do homem...
Mas quando tento
fugir da verdade
Não assumindo
minha fragilidade
Então fico longe do Pai
Se caio fico prostrada
Lutando com a culpa
Arranjando desculpas...
É mais fácil assumir
E tratar claramente
Que espinho que tortura
Minha carne e minha mente
Não viver de aparência
Mas ter a consciência
Que a confissão
é o caminho da libertação.

Búzios-2004
Marisa Costa

Dois caminhos


Os dois lados da moeda
A direita e a esquerda
O claro e o escuro
O dia e a noite
O certo e o errado
O par e o ímpar
O bem estar e a dor
Dois caminhos
Qual escolher?
Por qual percorrer?
Duas realidades
Dois rumos
Um pra vida
Outro pra morte
Um me faz bem
Outro mal me faz
Mas o mal faz o que gosto
E o que gosto me afasta do bem
Há uma luta
O mal e bem lutam em mim...
Pensamentos que vem como nuvens escuras
Temporal se formando...
Quem me livrará do corpo dessa morte?
Sozinha eu não consigo
Mas quem me livrará do corpo dessa morte?
Dou graças por Cristo!

Búzios-2004
Marisa Costa

Folhas secas

Flores cobrem canteiros
Flores de todas as cores
Folhas secas cobrem canteiros
Folhas pequenas e grandes
Dando lugar ao broto novo
Assim é o homem
Como as flores e folhas
Como a erva do campo
Que cedo floresce
E a tarde murcha
Voltando ao pó...
Assim é o homem
Nascendo,vivendo
Amando , odiando
Doando , negando
Matando , cantando
Ferindo, curando
Lançando-se ao chão
Voltando ao pó...
Flores de todas as cores cobrem canteiros
Homens de todas as cores negam a Deus
Folhas secas cobrem canteiros
Homens secos não buscam a Deus...

Búzios-2005
Marisa Costa

Um pedido muito egoísta

Que não chova hoje
sei que a terra precisa
mas hoje preciso do clarão da lua
da companhia das estrelas
da brisa bem leve
das mesas a céu aberto
e convidados a conversar
queremos fotos ao ar livre
mas livre da chuva também
se possível uma foto
da estrela cadente
e do reflexo da lua no mar
que chova amanhã
não hoje...

Marisa Costa
Sou assim

Consigo me expressar
Melhor escrevendo que falando
Falando posso errar mais
Acabo falando bobagens
e também, posso exagerar...
Meu rosto talvez não expresse
O que realmente eu esteja sentindo
Não sei falar em público
Minha mão sua e fica fria,
Eu tremo ,meu coração bate forte
O pior é quando insistem comigo...

Têm dias que estou feliz
Outros estou triste
Mas não é uma tristeza que dói
Converso com meus botões
E com Ele também...

Se quiser me conhecer melhor
Se quiser saber o meu gosto
Leia-me
Sou de poucos amigos
Quando os faço,
Os amo intensamente!
Mas isso é coisa rara
Também é rara
a correspondência
Poucos estão dispostos
a ter uma pessoa assim...
Sou meio estranha sim.

Bz,2008
Marisa Costa

Me percebi

Me percebi poeta
Custei admitir
Poesia é coisa de artista
é coisa sublime demais
Deus não daria a qualquer um

Ele já me deu olhos verdes
O que iriam pensar
sabendo da poesia?
Quem tem olhos verdes
não precisa de mais nada!
Quase nem precisa comer
afinal já tem olhos verdes!
Olho verde é coisa pra nobre
E que sorte ter nascido assim!
Pra que mais?Diriam eles.

Que luta admitir
que as palavras saltam em mim!
Ele me deu esse dom
Que poderia ser outro
Mas Ele me fez lembrar
Que uma candeia não se põe
embaixo da cama
ou em outro lugar
que não seja o velador

Que eu irradie a luz...

Marisa Costa

Dois traços

Eram dois traços imaginários
antes da fundação do mundo
até que se fez necessário
e foi o projeto executado
e lavrada a madeira
os dois traços se
fizeram em cruz
foi sangue puro
derramado
para pagar
e resgatar
alguém
como
eu...

Marisa Costa

Luz e trevas

Os olhos revelam a alma
Os olhos revelam o oculto
Os olhos falam sem palavras
Podem ser trevas ou luz
Expressão da alma....
Basta um olhar e amamos
Basta um olhar e odiamos
Basta um olhar e conquistamos
Basta um olhar e afastamos
Eu quero que meus olhos sejam bons
E todo meu corpo será luminoso
Não quero que meus olhos sejam maus
Pois em grande treva estarei...

Búzios-2006
Marisa Costa

Como fazer?

Alguém disse
Faça o que eu digo
Não faça o que eu faço
Mas um amigo me orientou
Não faça aquilo que te obrigam a fazer
Faça aquilo que você sabe fazer

Não faça o que dizem
Nem faça o que fazem

O que vier as tuas mãos
Faça conforme as tuas forças
Se é cantar cante com bossa
Se é escrever Ele te inspira
Se é ensinar faça com zêlo
Se é servir como se fosse pra Ele
Não faça nada por força ou violência
Faça aquilo que Ele te ensina a fazer

Não dizendo o que dizem
Nem fazendo o que fazem
Não te cansarás
Nem enfadarás tua alma
Só faça aquilo que Deus te ensina a fazer

Búzios-2007
Marisa Costa

Rimas na casa

Faço rimas, faço versos
Falo de tudo um pouco
De casa ,gente,animal
Falo da natureza
que transmite tanta beleza
Às vezes com muita alegria
Às vezes com muita tristeza

Dançando nos pensamentos
Corro da pia ao fogão
Não esqueço a pressão
Cozinhando nosso feijão
E as palavras no coração
Saltam à mente
Saem como aguilhão

Derrubando todo tropeço
Aí vem a inspiração
Sai da frente que ela é forte
Queima,borbulha feito água pra café
Caneta rápido!Onde está?
As crianças levaram pra escola
E agora?

Mas eu não desisto não!
Peço a vizinha um lápis
Pego um papel risco o que penso
Da vassoura faço escora
Pois é chegada a hora
Do pensamento voar

O lixo no corredor
Não impede que a cor
Tudo venha pintar
O ambiente inundar
Vem me fazendo esquecer
A roupa que está pra passar

E o feijão pra temperar?
O alho expõe seus dentes
Na pia pra descascar
As crianças estão chegando
E de fome vão falando
Poema não alimenta não!
Manda logo nosso pão!

Vida! Que vida engraçada!
Mais parece uma piada
Tão fácil de contar
Tão difícil de ganhar...
Como pode uma dona-de-casa
Em meio tantas tarefas ter inspiração?

De Deus vem esse dom
A cada filho dá um talento
Cabe a gente ficar atento
Uns escrevem,outros cantam
Outro tanto pinta e borda
Deus é pura inspiração
Ele não faz acepção
A todos dá de montão
Ele é bom
Não nega não!

Búzios-Abril/99
Marisa Costa

Víboras

Víboras!
Eles foram chamados de víboras!
Seus rostos caiados
Seus corações destilando veneno
Como sepulcro
Fedendo!
Nas entrelinhas
envenenadas intenções!

Víboras!
Quantos foram chamados de víboras?
Com mãos cheias de pedras
Pedras de gelo saltando do coração
Ponteagudas apontando pros erros
Arremessadas em qualquer direção!

Víboras!
Quantos somos chamados de víboras!?
Quantas vezes por dia confrontados?
Quantas vezes os rostos caiados?
Quantas pedras carregando nas mãos?
Víboras em transformação...

Víboras?
Víboras!
Víboras...
Porque o que realmente somos está encoberto
Está oculto debaixo de uma roupagem
Sob o olhar de Deus nossa aparência é anulada
E o que somos é revelado
Tudo vem a luz
Tudo nos é revelado...

2006/2007
Marisa Costa

Meninas

Na beira da estrada tudo passa
Passam carros e bois
Passam carros de bois
As horas passam
E meninas ficam fazendo hora
Passando hora com quem passa...

Na beira da estrada
Tudo passa tão rápido
Bonecas de pano não passam brincando
Meninas de cabelos lisos e em cachos
não recebem laços para enfeitar
A inocência passa tão rápido
Furando a fila
Morrendo na estrada...

Meninas sem jeito
Vão dando um jeito do tempo passar
Na beira da estrada
Amarelos sorrisos sem graça
Vão conquistando quem passa
Meninas vem e vão
Em busca do pão
Que a fome não mata...

Elas não fazem pirraça
As lágrimas o vento da estrada secou
As meninas não sabem chorar
Que a graça daquEle que muda os rumos
Cruze as estradas e resgate
As nobres e pobres meninas da estrada...



Dezembro2006/2007
Marisa Costa

Palavras...simples palavras?

Elas vêm e vão, batem e rebatem, minam como água, espalham como o vento...ventania.
O poder está nela. De uma ordem, ao delicado pedido de silêncio. No silêncio elas descansam...Virtualmente elas correm o mundo, as telas. Num mundo silencioso elas são lançadas...Como sementes, caem em solos férteis; todo tipo, boas e ruins, pequenas e grandes. Virtualmente atingem seus objetivos.Como um "moleque de recados"
está a máquina diante dos olhos querendo falar...
Num simples toque, num "click",elas saem...Não se ouve um só ruído no silencioso mundo virtual, mas é necessário um toque!
E a mão solitária lá está estendida, toca o mouse e "click"! Dá-se a conversação, Simples palavras? parecem...O calor vai chegando, o papo está bom!
Como folhas secas precisam somente de uma fagulha para incendiar uma mata, assim elas precisam somente de um sinal["...! ? . , : ; " " $ ( ) ="] para começar a inflamar.
Instalou-se a guerra! Os olhos as buscam rapidamente! As janelas da alma se abrem...
As sementes saltam da tela! Elas entram e passeiam por todo ser provocando sensações e sentimentos nem um pouco virtuais...Afinal para quem sabe ler um pingo é letra.
Por vezes elas saem como bálsamo curador, por outras, saem serpenteando...
Eis aí a boa e a má semente se encontrado em solos férteis!
Joio e trigo crescendo juntos...

Búzios-10/06/07-9:00h
Marisa Costa

Mascando chiclet

Por mais que as circunstâncias sejam avessas
O leite já tenha sido absorvido pela terra
Que os ossos estejam secando
O vento açoitando
Meus dedos sem unha
E minha boca mascando um chiclete
Meu espírito te busca meu Senhor...

Por mais que minha carne seja fraca
Minha boca balbucia um louvor
Não que eu tenha resolvido louvar
Meu espírito resolveu por mim
"...mais perto quero estar meu Deus de ti..."

Espremido entre as cordas vocais
Sai o louvor
Minha mente tão longe
Eu me pego cantando
E minha boca mascando um chiclete
"...mais perto quero estar meu Deus de ti..."


Marisa 2006


Na calada da noite


Fim de noite,pés cansados
De tanto correr,tanto andar
Olhos refletindo o espanto
Do dia que vai findando
Nos ouvidos vozes ecoam
Gritos ,sussurros
Frases feitas mal ditas
Ditando as regras
Turbulência pra alma
A boca sêca
Com fome e sede
Da verdade e justiça
Vai se calando
Na calada da noite...

Esperando em Deus
Abrindo mão de vantagens
Andando na contra mão
No coração surge uma oração
Joelhos se dobram
Mãos calejadas se levantam
Quebrantamento e confissão
fazem parte desse instante
Mais um dia que se vai...
Assim na calada da noite
A boca se cala em amém
Recebendo o maná diário
dando graças Àquele
Que tudo renova...

Búzios-2005/2006
Marisa Costa

Continuo devendo

Eu sempre vou ficar devendo
por mais que minhas contas estejam pagas
Meus impostos em dia
Minha casa arrumada
Toalha na mesa e flores na jarra
A grama aparada e o jardim florido
Cabelo feitinho e perfume francês
Eu sempre vou ficar devendo
Dos sentimentos o mais nobre
Incomparável amor
Doce amor...
Se eu não tiver amor
Serei como um metal
Um sino solitário
Badalando no deserto
Uma lata vazia
Entre tantas outras latas vazias
Rumo ao lixo...
Por mais que minhas contas estejam pagas
Continuo devendo o amor
Incomparável amor...
Doce amor...

2006
Marisa Costa

Nada nos impede


Se é questão de mal gosto eu não sei
Mas eu gosto de jiló e de quiabo
Não parecemos nem um pouco
Não temos nada em comum
Eu sou preto
Você é branca
Meus amigos são mulatos

Meu olho é preto
O teu azul
Eu tô no norte
Você no sul

Torço pro fla
você pro vasco
Acordo às seis
você às dez
Eu bebo água
E você coca
Ando descalço
Você de bota

Prefiro rio
Você o mar
Eu vou a pé
Você de carro
Gosto de samba
Você de rock
Eu chupo bala
Você chiclete
Eu jogo bola
Você basquete

Mas estamos debaixo do mesmo sol
Nos molhamos debaixo da mesma chuva
Semeamos no mesmo solo
Trabalhamos no mesmo país
Nada me impede de te amar
Nada te impede de me amar
Somos filhos do mesmo Deus
Nada nos impede.

Búzios-2006
Marisa Costa

Um reino

Num reino não muito distante
Onde tudo parece perfeito,
Só parece...
O Perfeito está muito longe dali.
Um reino onde se compra e vende,
Onde as mãos não se apertam
Simplesmente por serem mãos...
Onde os ombros levam tapas e tapinhas,
Onde bocas sorriem,
Enquanto outras se fecham por qualquer tostão...
Um reino com um grande palácio,
Com muitos tapetes,
Tapetes voador,
Tapetes que escondem lixinhos,
Tapetes capachos...
Um reino de animais racionais
Agindo de irracionalidade,
Onde os três poderes se juntam
E num cordão de três dobras
Lançam a justiça, a verdade e a dignidade
Num cárcere privado
Que nem o rei
Tem poder para libertá-las
Onde ouve-se pelas ruas,guetos e vielas
O lamento da plebe...
Num reino não muito distante daqui.


2008
Marisa Costa

Desgrameira,desgrameira!

Desgrameira,desgrameira!
Palavra difícil
Não encontrada em dicionário
Por estar andando nas eleições
Fim de tarde!
Começa a expectativa!
O desgramado eleitor
Enrolado a bandeira
Começa a comemorar
A noite chega...
70% das urnas abertas
Coração bate forte
Desce a redonda,a quadrada,
A que vai rasgando o peito...
E o amigo do peito dispara no ranking
Agora todas descem juntas
Na boca um sorriso largo
Com largo espaço entre os dentes
Afinal ele, "o homi", toma café lá em casa...
Diz o desgramado feliz da vida
Ao som dos funks e forrós.
As bandeiras tremulam
Exibindo o número que faz o falecido
Ajeitar o lencinho vermelho no túmulo
Barbaridade tchê!
É doze na cabeça!
Dose tripla!
Desce a redonda,a quadrada,a que rasga!
Doze anos,dose tripla,isso é trilegal!
Alma lavada e consciência tranquila
O "homi" tá lá!
Depois de toda desgrameira
Que se espalhou num ato cívico
Pelo nosso Brasilzão
Só me resta ouvir o côro
Dos desgramados e cair na dança
Nem que seja por um dia
"O povo quer ,ninguém segura
é nosso amigo outra vez na prefeitura!!!"
E lá vamos nós...

Búzios,Eleições 2008
Marisa Costa

Sol de outono

Gosto de deitar e rolar
No sol de outono
Deitar na areia ou na grama
Sob o sol de outono
Curtir um fim de semana
Sob o sol de outono
E me balançar na rede
Sob o sol de outono
Viver o grande amor
Sob o sol de outono
Conversar com os irmãos
Sob o sol de outono
Viver em união
Sob o sol de outono
Estender as minhas mãos
Sob o sol de outono
Saber que Deus tudo governa
Sobre o sol de outono
Sobre o sol de outono...

17/06/06
Marisa Costa


Descortinando

Do meu quarto através da cortina vi uma árvore
Chovia e fazia frio
A cama me convidava a leitura
Com o calor das cobertas a leitura perdeu o sentido
Adormeci...
De mansinho a manhã foi chegando e assim fui despertando
Então à janela voltei e através da cortina olhei...
A chuva havia cessado
A cortina distorcia minha visão
Então num ímpeto a puxei
Abri a janela!
Descortinei os meus olhos!
Abri as janelas da alma
Permiti a entrada do Sol
A Estrela da Manhã
Seus raios,o calor e o vento
Todo meu quarto banhou
Com meus olhos desnudos
Aquela árvore vislumbrei
Não poupei meus pés descalços
Correndo fui ao seu encontro!
Ao me aproximar
Parecia estar entrando em uma casa verde
Um mundo verde...
Perplexa por alguns instantes fiquei
Seus galhos dançavam ao vento
Ao som do canto dos pássaros
Até o vagabundo pardal fazia parte do coral
Não vi duendes
Vi belas flores e doces frutos
Suas raízes eram tão grandes
Entrelaçadas e expostas
Serviam de assento
Eu estava diante da vida!
O sol nada me negou conhecer!
Então cantei ao Criador
Reconheci sua beleza
Expressa na natureza!
Tanto tempo fiquei fechada
Vendo tudo por tráz de cortinas...


Marisa 2004
http://www.youtube.com/watch?v=HZnvUNVkKfY